Ao se dar conta de que era um eleitor, Hyppolite Taine percebeu que não sabia nada sobre o que era bom ou mal para a França nem das ideologias em disputa. Resolveu não votar e começou a estudar o país. Após décadas, o maduro Taine lançou os cinco volumes da obra Origenes de la France Conteporaine (1985), monumental, uma das mais esclarecedoras de todos os tempo.
Saber primeiro para julgar depois. Sua obra influenciou gerações, inclusive Affonso Henriques de Lima Barreto. Mas a obra de Lima Barreto, mesmo virando filme, não pegou nas novas gerações. Cheios de ideias pré concebidas, o jovem brasileiro busca “mudar o mundo”, moldá-lo segundo sua própria idiotice e ficar inteligente só depois, quando se aposentar (ou provavelmente nunca).
Sim, no Brasil, cultura e inteligência são coisas para depois da aposentadoria. Quando todas as decisões estiverem tomadas, quando a massa de seus efeitos tiver se adensado numa torrente irreversível e a existência entrar decisivamente na sua etapa final de declínio, aí o cidadão pensará em adquirir conhecimento — um conhecimento que, a essa altura, só poderá servir para lhe informar o que deveria ter feito e não fez. Mas talvez nem isso. Antevendo as dores inúteis do arrependimento tardio, provavelmente ele fugirá do confronto, abstendo-se de julgar sua vida à luz do que agora velho, sabe.
Ao se dar conta de que era um eleitor, Hyppolite Taine percebeu que não sabia nada sobre o que era bom ou mal para a França nem das ideologias em disputa. Resolveu não votar e começou a estudar o país. Após décadas, o maduro Taine lançou os cinco volumes da obra Origenes de la France Conteporaine (1985), monumental, uma das mais esclarecedoras de todos os tempo.
Saber primeiro para julgar depois. Sua obra influenciou gerações, inclusive Affonso Henriques de Lima Barreto. Mas a obra de Lima Barreto, mesmo virando filme, não pegou nas novas gerações. Cheios de ideias pré concebidas, o jovem brasileiro busca “mudar o mundo”, moldá-lo segundo sua própria idiotice e ficar inteligente só depois, quando se aposentar (ou provavelmente nunca).
Sim, no Brasil, cultura e inteligência são coisas para depois da aposentadoria. Quando todas as decisões estiverem tomadas, quando a massa de seus efeitos tiver se adensado numa torrente irreversível e a existência entrar decisivamente na sua etapa final de declínio, aí o cidadão pensará em adquirir conhecimento — um conhecimento que, a essa altura, só poderá servir para lhe informar o que deveria ter feito e não fez. Mas talvez nem isso. Antevendo as dores inúteis do arrependimento tardio, provavelmente ele fugirá do confronto, abstendo-se de julgar sua vida à luz do que agora velho, sabe.