Incêndios florestais assolam o Canadá enquanto mídia e líderes mundiais se calam


Em apenas dois meses, os incêndios já devastaram 9 milhões de hectares de florestas no país, o equivalente a queimar toda a extensão do Rio de Janeiro e do Espírito Santo juntos.

O Canadá está enfrentando uma grave crise de incêndios florestais. De acordo com o Canadian Interagency Forest Fire Centre Inc., há atualmente 650 incêndios ativos em todo o país neste início de julho, sendo que mais da metade deles estão fora de controle. Esses incêndios tiveram início em maio e continuam se intensificando.

O Canadá já perdeu mais florestas em apenas dois meses do que todo o bioma Amazônia em um período de dez anos.

É importante que a mídia dê destaque a essa devastação florestal no Canadá, assim como sempre faz com a Amazônia, em vez de ignorá-la inexplicavelmente.

Nesses dois meses, já foram registrados mais de 3,4 mil incêndios em diferentes províncias do Canadá. Nem mesmo áreas como a Nova Escócia e Quebec, que normalmente são pouco afetadas, escaparam dessa situação. A província de Alberta é a que apresenta a pior situação, com mais de 1,5 milhão de hectares destruídos. Ao todo, os incêndios já devastaram 9 milhões de hectares de florestas no país, o equivalente a queimar toda a extensão do Rio de Janeiro e do Espírito Santo juntos, ou até mesmo os territórios da Dinamarca e Estônia. Essa área destruída corresponde a mais de 1% do território do Brasil ou quase todo o território de Portugal. É um cenário alarmante, principalmente quando comparado aos 8,2 milhões de hectares desmatados na Amazônia em um período de dez anos. Os incêndios no Canadá já ultrapassaram essa marca em apenas dois meses.

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Outros países estão sendo afetados pelo Canadá

Os efeitos da fumaça dos incêndios no Canadá têm se espalhado para outros países. A poluição do ar atingiu níveis recordes em cidades como Montreal, Toronto e Nova York, que se tornaram algumas das mais poluídas do planeta em junho.

Alertas de fumaça foram emitidos em mais de 15 estados dos Estados Unidos. A fumaça tornou o céu opaco, com uma névoa amarelada que se mistura com o brilho do sol ao fundo. Os efeitos são sentidos pelos olhos irritados, garganta inflamada e dificuldade para respirar. Mais de 100 milhões de pessoas nos Estados Unidos já foram afetadas por essa situação.

Situação de Nova Iorque após a chegada da fumaça causada pelos incêndios das florestas canadenses, no dia 7 de junho de 2023 | Foto: Reprodução/EarthCam.

Segundo o Observatório Europeu Copernicus, os incêndios florestais no Canadá já lançaram mais de 200 megatoneladas de carbono na atmosfera, sendo as maiores emissões anuais estimadas para o país. A fumaça proveniente dos incêndios no Canadá chegou até a Europa Ocidental em junho, afetando países como Inglaterra, Noruega, Espanha, Portugal, França (inclusive a Côte d’Azur) e Alemanha, e continua se espalhando em direção ao leste.

Em 2022, das 50 cidades mais poluídas do mundo, 39 estavam localizadas na Índia, quatro no Paquistão e duas na China, nenhuma no Brasil.

No entanto, esse quadro pode mudar em 2023 devido aos desastrosos incêndios no Canadá. É preocupante ver a falta de destaque midiático e críticas por parte dos líderes mundiais diante dessa tragédia.

Hipocrisia da mídia e artistas

É evidente a hipocrisia da mídia e de artistas famosos, que permanecem em silêncio diante da destruição no Canadá. Nenhum presidente ou primeiro-ministro europeu acusou o governo canadense de incompetência na proteção de suas florestas, que são patrimônio da humanidade.

Não houve manifestações apaixonadas por parte do presidente francês ou de personalidades do mundo artístico. Não vimos fotos de animais queimados, nem campanhas de ONGs e organizações internacionais para boicotar produtos canadenses.

Greta e Di Caprio, cadê a indignação de vocês?

É impressionante a falta de posicionamento e críticas por parte dos líderes mundiais. O silêncio é ensurdecedor, enquanto o Canadá enfrenta uma catástrofe.

Em 2022, das 50 cidades mais poluídas do mundo, 39 estavam localizadas na Índia, quatro no Paquistão e duas na China, nenhuma no Brasil.

Diferenças entre Queimadas e Incêndios

É importante esclarecer a diferença entre queimadas e incêndios florestais. As queimadas são comuns em regiões tropicais, como no Hemisfério Sul, América do Sul, África e Brasil, ocorrendo principalmente no outono e inverno, durante o período seco.

Elas são uma prática agrícola antiga, mas que deverá desaparecer com o avanço da tecnologia. Já os incêndios florestais são acidentais, indesejados e difíceis de controlar, como estamos presenciando no Canadá.

Não seja um idiota útil, pare de ser manipulado

Devemos parar de nos deixar manipular e entender que ações naturais, como os incêndios florestais, ocorrem há séculos e milênios.

Será que interesses financeiros obscuros estão por trás dessa manipulação? Será?! Essa é uma pergunta que merece ser feita.

El Niño: alarmismo para criar narrativas e manipular você

As previsões alarmadas sobre o El Niño em 2023 têm sido utilizadas de forma sensacionalista para criar narrativas e manipular as pessoas. Até o momento, os modelos climáticos não confirmam a presença de um “forte El Niño”. É importante destacar que a dinâmica do El Niño Oscilação Sul (ENOS) requer uma conexão efetiva entre o oceano e a atmosfera, o que ainda não foi observado. Caso ocorra, é provável que haja um aumento das temperaturas no Norte e Nordeste do Brasil, com redução das chuvas e consequentes prejuízos para a agricultura, geração de energia hidrelétrica e navegação.

Além disso, culturas como o café conilon no norte do Espírito Santo e em Rondônia, bem como grãos e algodão no Matopiba, poderão ser afetadas. No entanto, é importante ressaltar que períodos de El Niño geralmente são positivos para a agropecuária brasileira, com ampliação das chuvas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, redução de períodos secos e aumento da produtividade agrícola.

Às autoridades e à mídia

Diante dessa situação, é responsabilidade das autoridades tomar medidas e fornecer auxílio aos pequenos produtores do Norte e Nordeste do Brasil, que serão os mais prejudicados e representam mais de 50% dos agricultores do país. Além disso, é necessário modernizar a agricultura familiar a fim de reduzir as práticas de queimadas.

O El Niño poderá favorecer o aumento dessas queimadas e o risco de incêndios nas regiões Norte e Nordeste, como ocorreu nos incêndios em Roraima entre 1997 e 1998. Junho já registrou o maior número de queimadas na Amazônia em 16 anos, e resta saber o que julho nos reserva.

A culpa é minha e eu boto em quem eu quiser?

Culpar terceiros ou ignorar os fatos não será útil. O El Niño não se importa com fiscalizações, multas, acusações ou narrativas. Cabe aos responsáveis pela política ambiental agir. Caso contrário, corremos o risco de enfrentar um apagão midiático, político e de ONGs, assim como está ocorrendo em relação ao Canadá.

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