Juventude desperdiçada


“A virtude da alma é a sabedoria, que é o que a aproxima de Deus”. Sócrates.

Ao se dar conta de que era um eleitor, Hyppolite Taine percebeu que não sabia nada sobre o que era bom ou mal para a França nem das ideologias em disputa. Resolveu não votar e começou a estudar o país. Após décadas, o maduro Taine lançou os cinco volumes da obra Origenes de la France Conteporaine (1985), monumental, uma das mais esclarecedoras de todos os tempo.

Saber primeiro para julgar depois. Sua obra influenciou gerações, inclusive Affonso Henriques de Lima Barreto. Mas a obra de Lima Barreto, mesmo virando filme, não pegou nas novas gerações. Cheios de ideias pré concebidas, o jovem brasileiro busca “mudar o mundo”, moldá-lo segundo sua própria idiotice e ficar inteligente só depois, quando se aposentar (ou provavelmente nunca).

Sim, no Brasil, cultura e inteligência são coisas para depois da aposentadoria. Quando todas as decisões estiverem tomadas, quando a massa de seus efeitos tiver se adensado numa torrente irreversível e a existência entrar decisivamente na sua etapa final de declínio, aí o cidadão pensará em adquirir conhecimento — um conhecimento que, a essa altura, só poderá servir para lhe informar o que deveria ter feito e não fez. Mas talvez nem isso. Antevendo as dores inúteis do arrependimento tardio, provavelmente ele fugirá do confronto, abstendo-se de julgar sua vida à luz do que agora velho, sabe.

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As ideias que defende, porquê as defende? De onde tais ideias vieram?

Se for sincero, vai perceber que nenhuma delas são realmente suas. Você as ouviu aqui e ali, formando uma opinião que defende como se fosse um torcedor de futebol (irracionalmente, por pura paixão). Mas o que já leu sobre tal assunto e o quanto se aprofundou nele?

Jovem, não traia a verdade para seguir a patota, para sentir que pertence ao grupo, não tenha medo de ficar sozinho (mas de posse da verdade) e não caia na tentação de querer “participar”, de “transformar o mundo”, para quando chegar a maturidade, perceber-se um bobalhão senil que falhou na vida. Aí já será tarde.

Inspirado no artigo publicado no Jornal da Tarde, São Paulo, em 3 de agosto de 2000, de Olavo de Carvalho e que faz parte do livro O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, do mesmo autor.

Indicações para sair da miséria intelectual:

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